Nas horas seguintes à tão esperada Fusão do Ethereum na quinta-feira, mais de 40% dos blocos da rede foram adicionados por apenas duas entidades: Coinbase e Lido.

A mudança da prova de trabalho (PoW) para a prova de participação (PoS) foi enquadrada pelos desenvolvedores como uma maneira de derrotar a centralização na segunda maior rede blockchain, tornando mais difícil para as entidades individuais adulterarem a blockchain do Ethereum. Mas os primeiros sinais de consolidação da rede levantaram preocupações de que essas esperanças podem não acontecer.

“Dos últimos 1.000 blocos, 420 foram construídos apenas pelo Lido e pela Coinbase”, escreveu Martin Köppelmann, co-fundador da Gnosis, uma empresa de infraestrutura Ethereum, em um tweet.

Em seu tópico, Köppelmann mencionou que apenas sete players possuem mais de dois terços da participação na rede de Proof of Stake do Ethereum. Lido, uma espécie de coletivo de stake liderado pela comunidade, e a Coinbase, a terceira maior exchange de criptomoedas do mundo, possuem 27,5% e 14,5% da participação da rede, respectivamente.

A tão esperada Fusão ao PoS da Ethereum foi concluída com sucesso às 6:42 UTC na manhã de quinta-feira. O novo sistema convida os chamados validadores a apostar 32 ETH com a plataforma, concedendo-lhes capacidade de escrever e confirmar transações na blockchain do Ethereum. Essa alta exigência de capital (R$ 240.000 reais no momento da escrita desse artigo), juntamente com a dificuldade técnica de criar um sistema de validador, significa que apenas algumas pessoas são capazes de se tornar validadores por conta própria.

Como resultado, o ETH fluiu para serviços oferecidos pela Coinbase, Lido e outros pools de stake que permitem que os usuários se tornem validadores – e ganhem recompensas por isso – sem muito incômodo.

Tanto dinheiro indo para tão poucos serviços tem despertado preocupações: Se uma única entidade controla mais de 66% do Ether da rede, será capaz de tornar mais difícil para outros escrever transações na blockchain do Ethereum.