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Bitcoin e a devolução das riquezas para seus legítimos donos

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Por Thiago

Você já se perguntou qual foi o motivo que te fez encontrar o Bitcoin?

Quando me fiz essa pergunta, percebi que o que me fez encontrar o Bitcoin foram minhas buscas por dinheiro e a procura pela famosa liberdade financeira. O fato é que ainda não alcancei esse objetivo, mas sinto pela primeira vez na vida que estou no caminho certo.

Essa busca me fez encontrar algo muito diferente do que eu esperava, uma tecnologia muito mais complexa e muito mais incrível. Já vi por aí que o motivo que te faz encontrar o Bitcoin nunca é o mesmo que te faz ficar, e no meu caso eu confirmo isso. Se você é como eu, você com certeza se surpreendeu com essa tecnologia e mergulhou de cabeça na toca do coelho para aprender cada vez mais. É tão viciante que as noites viradas em estudos são comuns quando você começa entender sobre o Bitcoin.

Acredito que ainda temos muito para aprender com ele, mas isso o tempo tratará de nos ensinar. Nosso conhecimento é bastante semelhante à forma que novos bitcoins são gerados, o proof of work. Da mesma forma que os mineradores precisam se esforçar e gastar energia para conseguir os novos bitcoins, nosso conhecimento só será alcançado a partir de prova de trabalho, no nosso caso, gastando nosso tempo e energia estudando sobre ele.

Isso se encaixa em tudo: aprender a tocar um instrumento musical, melhorar sua forma física, ter filhos, relacionamentos, etc. Somente desempenhando certas tarefas necessárias você alcançará o objetivo que deseja. Essa foi uma das lições mais importantes que aprendi com o Bitcoin.

Lembro que lá por 2017, na época que eu ainda trabalhava no setor do turismo e já havia escutado sobre o Bitcoin, mas não dado muita atenção, ganhei uma viagem incrível pro México para participar de um evento dos Hotéis Hard Rock. Eu nem acreditava de tão animado que fiquei quando soube, mas eu nem imaginava que essa viagem mudaria minha vida, principalmente a forma que eu olho para as outras pessoas. Nesse evento, no meio de todo cronograma incrível que eles montaram para os mais de 400 agentes de viagens presentes, teve uma apresentação de um mágico chamado Vinh Giang que com analogias, usava do seu talento com a mágica para ensinar sobre diversos outros assuntos.

Nesse dia ele nos ensinou sobre 3 assuntos: perspectiva, influência e crenças. Eu quero comentar aqui sobre perspectiva. Ele usou de analogias incríveis para nos ensinar sobre a perspectiva, o quanto ela é importante e também diferente para cada pessoa, dependendo de onde você está, o que você vê e o que você ouve. Esse dia foi muito importante para mim, sinto que aprendi a me colocar ao máximo no lugar dos outros e tentar enxergar a realidade pela perspectiva alheia, não só na minha. Se colocar no lugar do outro te melhora como pessoa e como profissional. Isso tem um peso muito positivo na sua vida e na vida das pessoas em volta.

(Você pode encontrar a mesma apresentação dele no YouTube: Vinh Giang — Perspective)

Depois de 2 anos, quando o Bitcoin apareceu novamente em minha vida, estava muito mais preparado para entender sobre essa tecnologia que chegou para me salvar de problemas que eu nem sabia que existiam. Talvez esse período de aprendizado tenha sido indispensável para o meu entendimento sobre o Bitcoin. Talvez se eu não tivesse ido para esse treinamento, faltariam peças chaves em mim para que o Bitcoin fizesse o sentido que faz hoje. Isso não quer dizer que foi um caminho fácil e muito menos rápido. Como eu já falei, são necessárias noites de estudos, livros precisam ser lidos, artigos, diálogos com amigos e desconhecidos. Tudo isso em busca de enriquecer sua perspectiva, já que é muito difícil para nós entendermos tudo que está fora do nosso alcance.

Ao entrar nesse mundo desconhecido, me deparei com tantos aspectos interessantes dessa nova proposta de dinheiro. Um dos principais é que é um dinheiro que está acessível a todas as pessoas do mundo e de forma semelhante a elas. Um dinheiro que não importa qual a sua cor, a sua classe social, o país onde vive, sua religião, suas crenças. É um dinheiro apolítico, não interessa se você é de direita ou esquerda, ele vai te atender da mesma forma que atenderá todas as outras pessoas do mundo. E já percebi aí que isso tem muito valor.

O sistema bancário é discriminatório, no Brasil quase 40% da população não tem conta bancária por muitas dessas pessoas não se adequarem ao sistema financeiro atual, assim são impedidas de participarem de grande parte das negociações no país e no mundo. Em países mais emergentes, essa porcentagem pode subir, ainda mais, mas já fica bem claro que a discriminação se faz presente nessa categoria de sistema.

Ao começar estudar, um detalhe interessante que você percebe logo de cara é como cada moeda se comporta. Estudar as moedas de cada país te ajuda a identificar o quão frágil é uma economia. Voltando para a perspectiva, tive o privilégio de nascer em Foz do Iguaçu e viver aqui até os dias atuais, e mesmo me mudando para outro país em questão de alguns dias, sinto que tirei bastante proveito da perspectiva que viver aqui me trouxe.

Começo pela localização, uma cidade de tríplice fronteira, onde em questão de 15 minutos da minha casa eu conseguia estar no Paraguai ou na Argentina e vivenciar a realidade que esses dois países vivia. Isso me ajudou a desenvolver meu espanhol que uso até hoje e começarei a usar ainda mais a partir de agora.

Durante minha infância e adolescência, o Brasil estava em uma situação econômica muito superior a esses dois países, o que fazia os brasileiros com seus Reais terem muito poder de compra para aproveitar nos países vizinhos. E nós aproveitamos. Era muito comum as idas aos dois países para aproveitar as comidas, bebidas, roupas e eletrônicos que tínhamos acesso com preço muito melhor por termos uma moeda mais forte que a deles. Naquela época, eu não fazia ideia do motivo de tudo aquilo acontecer da forma que acontecia, precisei encontrar o Bitcoin para poder entender tudo isso. O Peso argentino e o Guarani foram moedas que sofreram muito no final do século anterior e no começo deste século, fazendo com que os países estivessem em situações econômicas bem ruins. E isso não é visto somente na etiqueta de preço dos produtos, mas em sua população e no desenvolvimento local.

Os dois países tomaram rumos bem diferentes e sua recuperação também aconteceu de formas distintas. Tudo isso me fez começar a estudar como o Bitcoin reage em países subdesenvolvidos e em economias emergentes. Usando os mesmos exemplos, temos a Argentina que hoje a sua moeda Peso argentino sofre com uma inflação de 50,9% e o Paraguai que está com a inflação chegando aos 10% no Guarani. É muita diferença e isso faz muita diferença como sua população reage a isso. Isso fez a adoção pelo Bitcoin nos dois países acontecesse de formas distintas. Na Argentina, temos um caso de hiperinflação onde as pessoas precisam por questão de sobrevivência buscar uma alternativa para preservar sua riqueza. É fazer isso ou ver todo acúmulo de riqueza gerado durante sua vida ir embora diante dos seus olhos. No mundo, existem só 9 países que tiveram mais adoção pelo Bitcoin do que a Argentina.

Diferentemente do Paraguai, que mesmo com uma inflação beirando os 10%, o que não é pouco, fez com que o avanço com o Bitcoin acontecesse no setor de mineração, pela vantagem geográfica de ter uma das energias verdes mais baratas do mundo, a mineração no Paraguai se torna uma das mais rentáveis que existem. E foi onde o país avançou consideravelmente. Se temos a população da Argentina adotando o Bitcoin por necessidade, temos a população do Paraguai minerando Bitcoin por algumas vantagens. Dei esses dois exemplos para explicar que a necessidade te faz encontrar o Bitcoin muito antes da vontade de ganhar dinheiro e isso fica evidente ao ver os países que a população encontrou e optou pelo Bitcoin.

No Blog da Chainanalysis, temos um relatório sobre a adoção global do Bitcoin: Em primeiro lugar temos o Vietnã, seguido pela Índia, Paquistão, Ucrânia, Quênia, Nigéria, Venezuela, Estados Unidos, Togo, Argentina, Colômbia, Tailândia, China, Brasil, Filipinas, África do Sul, Gana, Rússia, Tanzânia e Afeganistão. Avaliando separadamente a situação desses países, vemos que a necessidade local por uma moeda deflacionária, não confiscável, que dá privacidade a quem está transacionando e que não precisa de intermediários se faz muito necessária e por conta disso, essas pessoas que vivem nesses países acabaram encontrando o Bitcoin.

A necessidade está acima de tudo quando falamos sobre Bitcoin. Necessidade que só fica exposta para quem passa pelo problema, quem consegue se colocar no lugar das pessoas que passam por problemas que não são presentes em sua vida ou quem se vê passando pelos mesmos problemas num futuro próximo. Um bom exemplo é quando deixamos de analisar por país e sim por continente: O continente Africano está em primeiro lugar quando se fala em adoção do Bitcoin, seguido pela Ásia Ocidental, Europa Ocidental, América Latina, Oriente Médio, América do Norte e por último a Europa Central, do Norte e ocidental.

Geograficamente, percebemos que países com economias mais frágeis tendem a migrar para o Bitcoin, pois a necessidade força eles a isso. Países que a situação econômica atual são reflexo de séculos de exploração, onde houve uma transferência enorme de riquezas para os países colonizadores poderem potencializar seu desenvolvimento com os recursos roubados de outros povos. Esse reflexo também está presente nos países colonizadores, com suas economias mais fortes e sua influência para ditar os rumos que o mundo deve seguir. Influência que dita qual a posição de cada nação no mundo e isso faz com que os países que sofreram lá atrás, ainda sofram hoje em dia por não terem autonomia para traçar seus caminhos sem a influência negativa de quem está no controle.

Ainda que estejamos vivenciando os primeiros passos do Bitcoin, temos um fator interessante que é a distribuição das moedas. No total teremos 21 milhões de bitcoins, não existirá nem 1 satoshi a mais e isso está assegurado por milhares de computadores distribuídos pelo mundo trabalhando para que isso não mude. O último Bitcoin será minerado um pouco depois de 2140. Por conta do Halving, a recompensa pelo trabalho dos mineradores que é paga com novos bitcoins cai pela metade a cada 210.000 blocos. Isso fez com que em 2012, quando os mineradores recebiam 50 bitcoins por bloco gerado, caísse para 25. Isso voltou acontecer em 2016, quando essa recompensa caiu para 12,5 Bitcoins. Tivemos o último Halving em 2020 e a recompensa que o minerador recebe por bloco gerado chegasse a 6,25 bitcoins e aguardamos ansiosamente por 2024 onde essa recompensa cairá para 3,125. Essa recompensa cairá pela metade a cada 4 anos. Isso fará que o último Bitcoin leve décadas para ser minerado. Após o Having de 2032 entraremos na fase onde somente satoshis poderão ser minerado, já que a recompensa por bloco será 0.78125 satoshis por bloco gerado. Isso fez com que no momento que estou escrevendo isso, dos 21 milhões de bitcoins que existirão para sempre, quase 19 milhões já foram gerados e estão distribuídos nas wallets de alguém. Temos em menos de uma década e meia, quase 90% das moedas que totalizarão o novo sistema financeiro já em circulação. Em sua grande maioria se faz por pessoas que precisam dele para sobreviver. Essas pessoas têm hoje o ativo mais precioso e escasso que já existiu no mundo e provavelmente existirá.

Não sabemos quem é Satoshi Nakamoto. Pode ser um homem, uma mulher, um grupo de pessoas, Deus, alienígenas ou nós mesmos vindos do futuro. Mas sabemos ser alguém que usou de ferramentas já existentes para trazer uma solução para problemas que somos configurados desde o nosso nascimento para não vermos e ignorarmos. E também sabemos ser alguém totalmente capaz de ter uma perspectiva tão poderosa a ponto de projetar algo que devolveria as riquezas roubadas durante toda nossa história para os verdadeiros donos. Diante de tudo isso, só nos resta agradecer: obrigado Satoshi, seja quem você for, o que você for e onde quer que você esteja.


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